sábado, 20 de fevereiro de 2010

Ela disse adeus.


Soraia não queria deixar pra trás os medos de toda uma vida. Mataria um por um antes de partir. Buscou relembrar de todos, organizá-los em fila indiana na mente aflita. A ânsia de dar fim ao que de nada lhe valia era grande. Sentiu saudade do que não fez quando algum deles estava por perto. Recordou das inúmeras lágrimas de desprezo por si mesma e por tudo que estava a sua volta. De que valiam as palavras de incentivo de um amigo querido? Não bastava acreditar. Soraia tinha que fazer acontecer. Mudou de ideia ao sentir que a empreitada levaria muito tempo e poderia a fazer desistir do principal. Arrumou as poucas roupas numa mala velha, ajeitou a bolsa colorida no ombro, segurou o caderno de tecido carmim contra o peito e partiu rumo ao que ela desconhecia. Porque melhor que matar um medo é encará-lo com olhos de quem não sabe onde vai chegar, mas pouco se importa com isso.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Por quê?

Perguntarão por que mudei. Acredito que quando tentamos explicar demais uma dada coisa ela fica óbvia. Sem graça. Obviedades só servem para fazer a cabeça balançar em sinal afirmativo.
Desconfio de gente que faz isso diariamente. Será que entendeu? Concorda com tudo?
Danem-se as cabeças e suas ideias que seguem em ritmo frenético o sinal positivo que não torna possível o não, o talvez ou o nada disso.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

"Sou tudo o que disserem, inclusive o que eu quiser."


Há um tempo atrás eu achava que nada poderia se estabelecer em meio a uma bagunça. Ainda ouço a minha mãe comentar sobre a minha organização, a forma como eu gosto de ver as coisas metricamente ajeitadas. Mãe, eu mudei e isso só tende a piorar.
Eu tentei não prestar atenção, culpei o cotidiano corrido, o momento, mas a verdade é que não sou mais a mesma. Não sou a de ontem, nem a da semana passada e, a de hoje vai ficar pra trás amanhã. Pensar nisso me dá medo e ao mesmo tempo um tesão imenso. De certo, finalmente eu estou entendendo que posso ser o que eu bem entender e não importa a métrica, a estética, o seu olhar, o esperado.
Eu escrevo em meio a bagunça que eu não estou com vontade de arrumar. Eu penso em tudo isso em meio a tantos outros pensamentos rápidos, intensos, constantes que eu não quero colocar em ordem. Que fiquem todos misturados em uma dança desconexa. E que eu dance no ritmo que eu quiser.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Porque cansaço é meu nome.


O ano ainda não chegou ao fim, mas a necessidade de fazer um balanço é grande e pesada. Não gosto de carregar peso em nenhuma circunstância. Eis que, calhou dessa necessidade surgir bem no começo do meu inferno astral. É, eu acredito nisso.
Digamos que 2009 tenha sido um mingau de Mucilon. Não é ruim, mas não é bom. Você tomou porque tinha que tomar e ponto. Até agora eu não tive a sensação de produtividade. Só sinto cansaço. Uma vontade imensa de jogar tudo pela janela e gritar qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo. Porque não está fazendo sentido pensar demais, se dedicar demais, querer demais.
É evidente que passa pela minha cabeça que o problema não esteja no ano, no encontro dos planetas ou na lua. Eu não sou otária o bastante para creditar problemas somente ao externo, mas também não tenho talento para cavar uma fossa com o que ninguém vê. Seguro firme em um fiapo de qualquer coisa e me balanço. E seja o que tiver que ser. Se não for pedir demais, deixo um recado:
Inferno astral, vá embora.
Paraíso astral, sorria pra mim, vá.


P.S: Bele, coisa boa ter você de volta. Mesmo!

domingo, 15 de novembro de 2009

1 ano sem me apaixonar. Bobagem pouca. Besteira. Mentira! Eu bem sei disfarçar meus dramas internos, mas isso quando eu quero. Quando acho por bem. Porém, hoje vou divagar sobre esse assunto, porque me veio uma pergunta no início de noite de um domingo tedioso: que diabos aconteceu com meu coração? Enjoou? Tá fechado pra balanço? Quer um tempo só para a dona, fazendo a linha egoísta? Desistiu?
Eu não sei a resposta. Quem souber ou supor, fique à vontade para me contar.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Porque eu voltei e tenho muito pra falar.

Antes de voltar pra cá, fiquei pensando no tanto de coisa que aconteceu durante esse hiato e se voltar seria uma boa, já que tenho visto outros cantos empoeirados por aí. Como sou do contra e a favor do improvável, eu voltei e dessa vez para ficar ( já falei isso antes? anyway!).
Para começar tenho que justificar o meu sumiço. Não, essa não é uma justificativa carregada de culpa. Sumi porque fui obrigada e, vá lá, porque tive vontade também. Tempo ultimamente é artigo de luxo na minha rotina. Enfim, estar aqui hoje escrevendo é uma exceção da regra bem clara que tenho seguido: estude-trabalhe-respire. Bom, heim?! Eu acordo e vou dormir rindo, acreditem.
Tirando a falta de tempo, devo admitir que a minha impaciência( sim, a danadinha) foi quem me trouxe pelo braço para vim até aqui. É, ela me domina. Me encostou na parede e indagou qual o motivo para tanta gente estar reclamando da vida nos últimos dias. Melhor, o motivo para tanta gente estar reclamando da vida comigo. Sim, comigo! No meu ombro amigo que anda cansado. Calma, amiguinhos, isso não é uma reclamação. Não se matem, nem me queiram mal. Mas vamos todos combinar que a situação tá tensa e a insatisfação é feijão com arroz nos nossos dias. Pronto! Definido assim, fica óbvio que o problema de João é parecido com o de Maria, que se identificou com Josefa e até comentou com Serafim que se piorasse ela não saberia o que fazer.
A solução? A fórmula mágica? Não sei, gente. Deve ser um mal súbito, um efeito do H1N1, sei lá. Só sei que eu faço parte da trupe dos insatisfeitos e só não protesto mais porque o cansaço é muito grande e eu prefiro dormir.
Tenho uma ideia: compremos vassouras e espanadores. Vamos todos fazer faxinas nas nossas vidas. Garanto que os eixos tendem a se encontrar quando o ambiente favorece.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Para Denílson


Denílson faz parte do grupo de pessoas que todo mundo merece conhecer durante a existência. Inteligente, divertido, sagaz, único. Muito embora não sejamos amigos de longa data, eu gosto dele e isso já basta.
O fato é que gostar de Deni é fácil, e ao mesmo tempo difícil. A princípio, seja por defesa ou por mera marra que é peculiar a seres tão interessantes , a postura dele é fechada. Fala pouco, ri pouco, mas deixa aquela pista de que tudo isso pode virar muito. Posso me gabar horrores por ser uma das poucas pessoas que podem ve-lo gargalhando, destilando venenos potentes e confabulando sobre a vida bandida. Momentos deliciosos.
E é justamente nesses momentos que eu me pego pensando no tanto de coisas que ele tem a mostrar, mas que guarda ou reserva para um momento oportuno. Eu tenho total convicção sobre a sua imprevisibilidade, mas, impaciente que sou, fico na espera do instante em que ele vai causar um espanto tremendo. Não pelo óbvio, mas pelo que nem ele mesmo espera. Pensando assim, concluo que é isso que, por fim, me faz gostar dele. Surpresa é sempre uma delícia.
O destino há de ajudar, baby. Existência luminosa pr'ocê.

P.S: absurdo não termos uma foto juntos! É bom tratarmos logo de providenciar.